domingo, 10 de outubro de 2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Caçador de Sonhos

Os teus olhos foram esperança

Sobre tudo aquilo que existia

Os meus olhos girassóis

E pelos caminhos te seguia

Protegias-me de tudo

E davas-me alguma confiança

Mas não gostavas muito de mostrar o mundo

Para que não tivesse má lembrança

Eras em quem eu mais confiava

E que ao meu lado estarias sempre

Eras de quem eu me lembrava

Quando ficava carente



Sou um caçador de sonhos

Cresci e nem reparaste

E olha quem tens à tua frente

Os meus sonhos limitaste

Os meus medos acentuados

A minha chama mais apagada

A minha confiança diminuída

O meu amor próprio…



Nunca deixarei de sonhar

Nunca deixarei de viver

Outros sóis terei sempre na minha vida

Aqueles que me queiram iluminar

E aquecer… toda a minha vida…

domingo, 15 de agosto de 2010

O esgoto

Por mais que me queiram vergar

Por mais que me queiram possuir

Por mais que me queiram fazer outro

Nunca o conseguirão

Sou forte o suficiente

Enérgico para me libertar

Criativo para sonhar

E ambicionar o que nunca julgaram possível



Satisfeitos com o seu mundinho

Como se fosse uma grande coisa

Julgam conseguirem prender-me num mundo

Que não passa de um esgoto com grades

Por baixo do grande, belo e verdadeiro



O submundo em que vivo

É nojento só de pensar

Quanto mais viver

Quanto mais querer sonhar com coisas aqui…



Raios de sol tocam-me em xadrez

Quando sei que o mereço todo

Vivo neste mundo em que o certo e o errado se invertem

E em que a injustiça vence

Juntamente com a hipocrisia, o cinismo e a maldade…





E tudo aquilo que quero agora

É Sonhar que a água que bebo seja menos poluída,

Esperar que o ar que respiro esteja menos gasto e putrefacto,

Sonhar a limpeza de todos os corações,

E uma desinfestação de baratas e ratazanas neste mundo

Que não passa do estrume sobre o qual caminho!

Poder sair deste sítio imundo

E poder ser feliz!

14/08/10

sábado, 8 de maio de 2010

To the moon and back

Naquele dia especial
Naquele dia maravilhoso
Fui à Lua e voltei

A viagem correu melhor do que planeara
E tenho pena de ter sido tão curta
Porque ficaria lá o resto da minha vida
Porque foi dos melhores dias dela...

Tinha bilhete para dois...

Entreguei-me de corpo e alma a esta viagem
Que fez o mesmo por mim
E amei como nunca tinha amado
E senti-me assim também...

Neste dia, neste momento
Vi o mundo todo entre os meus dedos
E vi-te comigo... Senhores deste planeta

Foi curta a viagem
Mas valeu para sempre
E quero repetir
Muitas e muitas vezes
Sempre felizes, sempre contentes
Cada vez melhor,
Até ao dia em que não tenhamos de voltar...

gtm <3

One day I'll fly away


Um dia partirei...
Sem pedir licença ou autorização
Não sei se voltarei
Mas preciso de apanhar ar
Preciso de me refrescar
Preciso de respirar
Preciso de me sentir senhor de mim

Leis? as minhas!
Decisões? comigo!
Consequências? claro...
Responsabilidade? constante!
Amor? incondicional... para os que respeitam
Raiva? se me magoam seriamente
Dedicação?  para os que merecem...

O amor será sem limites
A paz entrará no meu espírito
E serei feliz, sei que sim
Junto de quem amo

Irei bater com a porta
E nunca mais voltarei (talvez! humildade!)
One day I'll fly away
Mas viver assim é que nao sei...

"'Cause this time I'm right to move on and on, far away from here"

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Momento

Ao som do saxofone escrevo estas palavras… palavras de alguém que o vê como o instrumento mais romântico de todos… aquele som, aquele revibrar de tudo desperta em mim emoções, saudades e anseios… desperta em mim muito mais do que uma alegria pela beleza da música… desperta em mim tu própria, a tua imagem, quem és… o teu corpo, a tua face, os teus cabelos, a tua franja, os teus olhos, os teus lábios… tu própria, as tuas emoções, os teus sonhos e as tuas expectativas… quem és?... sei bem quem és… és quem eu quero, és por quem eu espero, és tudo aquilo que idealizei um dia e que hoje se realiza…vem ter comigo, vem… aproxima-te de mim e olha-me por dentro e diz-me o que vês… sim… vês quem eu sou, o que apenas quero e desejo… agora deixa-me acariciar-te a face sem sequer te pedir isso… deixa-me ver o teu sorriso como reacção… deixa-me me dar-te um beijo na face e dizeres baixinho que não, mas mentes, o teu aroma mente, os teus olhos mentem, a tua voz opõe-se às palavras… a tua respiração pede mais, muito mais… e ficamos de testas encostadas, narizes cruzados a partilhar a mesma respiração… encosto os meus lábios nos teus e sinto um sensação de leveza inimaginável… todo o meu corpo deitado na plenitude, contigo… uma explosão interna dá-se… é o momento, a explosão do sentimento… lux aeterna explode finalmente dentro de mim… foi agora, e para sempre… vem comigo, vem… dá-me a tua mão e vem comigo até ao céu… no meio do nosso amor, vamos passear sem asas sem nada, apenas planando por esse céu fora na busca do que não interessa, porque não há fim no amor, não há qualquer tipo de objectivo, mas apenas o viver, o aproveitar o que sentimos… abraça-me, deixa-me sentir a forma e o calor do teu corpo que tanto gosto… deixa-me sentir a mulher que eu amo!

Through the rain

Só lá estávamos nós os dois... Era um tarde fria e cinzenta de Inverno e a praia estava completamente deserta. O mar, enfurecido com um tempo tão triste desta maneira, batia-se com violência na areia e aí enrolava-se e um lençol de água suavemente acariciava a areia mais distante. As negras nuvens ameaçavam muita chuva. Mas mesmo assim quiseste ir passear, porque sabes que adoro este tempo, para além do mais sendo a praia, que sabes perfeitamente que a amo, seja de que forma, incondicionalmente... Descemos as escadas que davam acesso à praia, descalçámos os chinelos e sentimos nos nossos pés uma areia fria, muito fria e húmida que também adivinhava o tempo que viria e que já as nuvens à muito ameaçavam. O vento batia fortemente de Sul, parecendo querer puxar toda a chuva para aquele sítio, aquele momento...Mesmo assim quiseste passear, sabendo que muito provavelmente iria chover e que nos iríamos molhar, como eu avisara... Na areia apenas se viam raras marcas das pegadas das gaivotas porque todo o restante areal estava plano, liso e suave, como se alguém tivesse passado a mão por toda a praia para a deixar perfeita para nós a pisarmos. Começou a gotejar e aí disse-te: "Eu avisei... é melhor voltarmos para casa, não?" ao que me respondeste que não, que aquelas gotas não molhavam ninguém e que ficar em casa seria muito pior do que poder sentir toda esta dinâmica da Natureza... Andámos durante um bom bocado à beira-mar, fugindo da água que frequentemente nos queria molhar como que avisando: "Vão-se molhar, vão-se molhar todos!...". De repente o vento parara... e um trovão ouviu-se ao longe... Nisto agarraste-te repentinamente ao meu pescoço com o susto... "Não tenhas medo, está bem longe..." A trovoada estava longe, mas a chuva definitivamente não...Nesse instante, começava a chover, mas não era uma chuvinha ou só umas gotinhas... era chuva mesmo a sério, perfeitamente torrencial! Apenas dissemos em uníssono um ao outro: "Corre!". E corremos, corremos, corremos sem nunca mais parar, mas estávamos já muito longe de qualquer abrigo e naquele sítio nem as rochas serviam de abrigo. De repente, senti que não me acompanhavas na corrida... Olhei para trás e vi-te parada, à chuva, a sorrir... Percebi que não valia a pena correr, estávamos completamente encharcados. "Bem te disse que não devíamos ter vindo passear. Agora estás toda molhada e o passeio ficou estragado" Nisto respondeste: "Estragado?... Só se for para ti!... Nunca me senti tão feliz!..."Porque haveria ela de estar tão feliz? Estávamos molhados, encharcados, debaixo de uma chuva imensa e a um ou dois quilómetros de casa... "Estou feliz porque estou contigo e amo estar contigo, incondicionalmente...: à chuva ou ao sol, de dia ou de noite, no Inverno ou no Verão, tanto faz,... não me importa mais nada...". No meio de tanta humidade engoli em seco aquelas palavras, como se ainda fosse possível, e vi nelas um esboço perfeito de uma declaração... Sorri, abracei-te fortemente nos meus braços e disse-te ao ouvido: "Sabes bem o que sinto por ti, sabes perfeitamente..." E nisto afastaste-te o suficiente para ficarmos olhos nos olhos durante uns quantos minutos... Durante esse tempo pensei no quão bela eras, nesses teus olhos penetrantes, nesses cabelos brilhantes, mesmo que não estivessem molhados, brilhavam imensamente... e nesses lábios que começavam a tremer com o frio... Fechaste os olhos e elevaste a tua cabeça na minha direcção... Fechei os olhos e fiz o movimento inverso... até ao mais puro e divino contacto de todos... Nisto, a chuva parou e sobre nós uma neblina se esvanecia com uns tímidos raios de Sol a tocarem-nos entre as nuvens, cada vez mais dispersas... E só lá estávamos nós os dois, naquela tarde de Inverno em que o Amor e a Ternura a tornara numa prematura, mas linda, tarde de Primavera…

Our Farewell

Our farewell

Como é que não podes estar aqui?
Como é que não me viste crescer?
Ensinaste-me todo o teu saber...
E agora não te tenho perto de mim...

Recordo de como dizias o meu nome...
Recordo de tudo o que me dizias...
Tudo o que realmente sabias...
E que nunca me escondias.

Estendias-me a mão quando caía
Abraçavas-me quando me sentia vazio
Conduzias-me como o leito de um rio
Quando chorava... Era contigo que sorria!

Nem tivemos tempo de nos despedir
Nem de dizer as palavras que queríamos
Apenas te vi, incrédulo, partir...
Era isto que na realidade merecíamos???

Our Final Destination: our farewell...
I.T.L...

Pegadas na Areia

Caminhava sozinho à beira-mar. O Sol já se tinha escondido para lá do rochedo… Ainda era de dia… Um vento vindo do Norte começava a soprar com alguma intensidade rapidamente sobravam apenas alguns pescadores amadores e solitários caminhantes de longe a longe. A maré estava muito baixa e uma grande planície de areia molhada e lisa tinha-se formado ao longo de toda a extensão da praia. Olhava para trás e, para além do rochedo que tapava o Sol, via toda a areia que se lhe seguia e onde se podia reconhecer um trilho grosseiramente rectilíneo das minhas pegadas… Estaria sozinho?... Não… Não estava porque imaginava-te aqui comigo… Um segundo trilho surge paralelo ao meu… E rapidamente imagino-te comigo… O teu corpo encostado ao meu, os teus braços agarrados a mim… Parámos um pouco… Sentámo-nos e encostaste-te a mim delicadamente. Eu deixei as minhas costas caírem na areia húmida e tu apoiaste-te no meu peito, onde deixaste a tua cabeça descansar. Acariciei-te a face, acariciei os teus lindos cabelos. Olhámos o céu azul, com tons de alaranjado a azul-escuro. A Lua, quase cheia, observava-nos sem pedir licença. Aquele ponto brilhante no Céu voltado a Sul, a que outrora chamara estrela, mas na realidade era apenas Júpiter também reluzia com grande brilho… Quando achava que era uma estrela, gostava muitas vezes de dizer que eras tu, a estrela mais brilhante do céu. Mas rapidamente o seu significado mudou… Enquanto planeta, representa a Natureza masculina, representa o meu amor por ti… E que ponto do Céu serias tu? Sem grandes dúvidas que serias a maravilhosa e misteriosa Lua… Com estas minhas palavras, voltaste a sentar-te e olhas para mim, calada, de olhos brilhantes… Cheguei-me a ti e dei-te um beijo cujo som não terá sido mais forte que o som de um canhão… Mas cujo eco foi decerto muito mais duradouro…Depois respirei fundo e disse-te apenas: “Amo-te”. Fizeste um ar sério e triste: “Não me podes amar… Só te vais magoar…”. Estranhei, mas respondi: “Magoar porquê? Não me importo de me magoar, se a minha vida só faz sentido contigo e não há outra forma, não há outro caminho. Aquelas pegadas que vês ali só fazem sentido juntas, porque nós pertencemos um ao outro…” Com isto fechaste-te sobre ti própria, agarraste os joelhos e escondeste a face neles… Não entendia o que estava a passar, mas aproximei-me de ti e acrescentei, baixinho, sussurrando: “Daria a minha vida só para poder viver outro momento como este…” Perante estas palavras, levantaste a tua face e, com uma lágrima escorrendo pela tua face disseste, entre soluços: “Não me podes amar, eu estou a morrer…”Eu não queria acreditar nisso, não podia ser verdade… Tu não podias estar a morrer… Era totalmente impossível… Eras tu… eu… Nós os dois… O nosso sonho… Não… Não podia ser verdade… Entre gemidos e lágrimas só me conseguiste dizer: “Tenho uma doença terminal e pouco tempo me resta… Só espero ter-te feito feliz com o meu amor… E deitaste-te a chorar, como uma criança, com a tua linda cara escondida na areia… Essa areia que já não estava molhada só pela água do mar… Também as lágrimas, as tuas lágrimas, as nossas lágrimas a molhavam… Em comunhão estivemos… Felicidade, Alegria, Euforia, mas também Desilusão, Angústia, Sofrimento, Desespero, Dor, … Numa voz rouca disseste-me “Amo-te” e beijaste-me… Nesse momento talvez tenha percebido o valor, o poder do amor, mas também um grande vazio associado… Eu ia-te perder… Levantámo-nos… O Sol já se tinha posto definitivamente e começava a ficar frio… Mesmo assim, abraçados, juntos e emocionados continuámos o nosso passeio… podia ser o último, mas decerto o mais valioso de todos… nunca damos valor às coisas, só quando estamos perto de as perder… Mas no meio desses pensamentos paraste, voltaste-te para mim e disseste: “Aconteça o que acontecer, o nosso amor nunca morrerá…” E isto é tão verdade… Se há coisa neste Universo que nunca morra é o Amor, a força mais delicada e poderosa de todas… E hoje, passeio na praia, olho para trás e vejo o Sol por trás do rochedo, e no areal um só trilho de pegadas na areia… um só porque te tenho nos braços, estás sempre comigo… eu nunca estarei sozinho porque estarás para sempre no meu coração.

Final Destination

Verba volant

Destino Final para onde caminhamos
Destino Final de onde não pudemos fugir
Estrada solitária por onde tens de partir
Caminho único onde o amor abandonamos

Desgraça da vida, perda da Vitalidade
Enjoo de sentimentos, morte da amizade
Perda da consciência e inconsciência
Total e absoluta falência

Luzes apagadas, espírito desaparecido
Resta um "ser", corpo cinzento e uma alma
A quem nada lhe interessa
E vive uma irrealidade calma...

Indiferencia, nada importa
Porque toda a vida... morta
Sem capacidade de amar
Bem que tudo poderia acabar...

A razão da abulia
Ninguém sabe, ninguém arriscaria
Nem o próprio o sabe...
Mas uma possibilidade uma janela abre...

E no fundo, antes do Sol nascer...
Já os seus olhos estavam vendados
Para em nada mais acreditar, nada mais ver...
Apenas a escuridão e a "euforia" encontrados...

Mas um véu púrpura em saudade
Tirar-lhe-ia a venda da vista
E acender na sua vida a claridade
Para a felicidade, uma pista...

A flor no inóspito deserto morrera...
Mas um "quase aqui" remanescente sobreviveria
A aí, agora, o amor seria
Tudo aquilo para o qual ele vivera...

Purpura Pluvia

Channel nº 5

Channel nº 5

Eu devia ser a única pessoa do mundo
Que não sabia
Eu devia ser a única pessoa do mundo
Que não a conhecia...

E no momento da união
Desconhecida por mim aquela pessoa
Tomei-a com todo o coração
Forte ligação, o Sentimento voa...

Mas num dia partiu
Com palavras suaves
Por fim sorriu
E foi... num voo de aves...

Ah... uma prosa!

Sinto-me à beira-mar, num suave monte de areia húmida feita à pressa sem grande cuidado ou preocupação. Estamos num dia de Verão bem agradável, ameno, o corpúsculo já esteve bem mais longe de ser alcançado. Miro o futuro pôr-do-sol, miro o mar, com as cristas das ondas espumantes batidas pela força do vento que me faz sentir tão bem. Boa parte das pessoas da praia já foram para suas casas, mas um menino pequenino brinca com uma bola à beira mar. Que encanto vê-lo assim. A bola é o seu mundo e mais nada lhe interessa naquele momento. Ama a bola mais que tudo e é assim que, naquele dia, naquela hora, é feliz! A inconsciência feliz fá-lo uma pessoa bonita, saudade, brilhante.Levanto-me... Com estes longos, mas leves pensamentos, caminho pelo areal tocado pela água, ficado apenas as minhas pegadas... Sentir-me-ei sozinho? Talvez... Mas nestes momentos a solidão é reconfortante e amiga. Vou até ao farol que delimita a praia, bastante destacado do areal e volto a pensar no menino. Se cada um de nós aproveitasse um pouco da felicidade que às vezes está à sua frente, e não deixasse cair a bola, o seu mundo, o nosso mundo, seria tão melhor. Tanta vez temos a bola diante de nós e a ignoramos. O sonho do menino era ter uma bola para brincar. Só uma bola, apenas uma. Não desejou todas as bolas do mundo, nem todas as brincadeiras. Só brincar com ela... O problema é que sonhamos alto, alto demais e não nos contentamos com uma só bola que seria suficiente para sermos felizes. Que todas as brincadeiras do mundo fossem assim, que todos os sonhos fossem ter uma bola para brincar...

A Sala encantada

Volto a escrever
Por necessidade básica
Volto a entender
A coerência frásica

Absorvo Valores
O outro que era
Restaram-me amores
Morreu a fera

Amores do que fui
Amores do que sou
Ódio aqui já não flui
A tristeza se esgotou

A sala encantada
A porta escancarada
A rua deserta
Destruída no poeta

O chão é firme
A janela?... distante
O passo? Crime?
Não! Cantante!

A rua deserta
Molhada e destruída
Adolescência querida?
Não... Sofrida...

A sala encantada
Ninfas possuídas?
Não... só é apenas
Ondas esquecidas

Ao sabor das ondas
No fervilhar da espuma
Não me vejo boiar
Um dia... ainda afunda!

Mergulho bem fundo
Sem corda de sustentação
Todo o peso do mundo
Concentrado num coração

Cá em cima, bem alto
A dominar a emoção
É certo, com um salto
Sem perder a razão

A sala encantada
A porta querida
A altitude amada
O Sentido da minha Vida!

Sussurros Indiscretos

Sussurros Indiscretos

Quantas palavras te disse discretamente
E que para ti passaram como vento
Mas tantas te disse indiscretamente
Que acabaram por estragar o momento...

E que te disse eu de tão grave?
Que te adorava, amava
Estas palavras são a chave
Dos sonhos em que te beijava

Nesses sonhos, que encanto!
Sussurrava-te a música que sabes
E então, como num espanto
Sinto que para mim o teu coração abres

E num beijo infinito, profundo
Maior que toda a beleza deste mundo
Nos juntamos num único ser maravilhoso
Eu e tu, que momento esplendoroso!

Receio que estes pensamentos
Que não consigo controlar
Se traduzam em momentos
Em que me estou a enganar

E digo-te isto
Porque és tudo para mim
E assim tenho esta simples certeza:
Não posso viver sem ti!

Nós

Nós

Na maravilhosa estrada onde caminho
Por vezes acompanhado, outras vezes sozinho
Anseio algo mais do que passos sombrios
Desejo, muito, suaves calafrios

Impulsos especiais, puros
Que nos pedem carinho
Oh… que magníficos sussurros
Que nos fazem voar baixinho…

A chuva que nos pode acompanhar
Não! Não é para nos abençoar!
Se nos toca, não nos molha
Porque apenas nos envolve

Envolve-nos naquele brilho
Toca-nos aqueles mantos secretos
E as estrelas através dos olhos
Unem-nos por gestos discretos

E quando nos apercebemos
As auras juntaram-se numa individual
E juntos, física e espiritual
Damos os carinhos que queremos

A chuva intensa é confortante
O teu calor é tão doce
E abraço-te como se o meu coração fosse
A aura essa, agora, brilhante

Afasto-me um pouco, acaricio-te a face
E apoio o teu lábio molhado
Fechas os olhos, não queres que passe
O nosso calor, mas tudo o resto… gelado!

E os teus lábios nos meus encosto
De forma tão pura e verdadeira
Que a aura brilha de tal maneira
Que a chuva em nevoeiro se devaneia…

Prece

Guia-me, uma vez para sempre
Dá-me a força para continuar
Continuar a lutar, a acreditar
Que sou uma alma ardente!

Explode dentro da minha alma
Torna brilhante a harmonia calma
Destrói todo e qualquer sentimento de saudade
Invoco agora em mim a felicidade!!!

"É a hora! É o momento!
Da explosão do sentimento!"

Lux... não... Aeternal

Lux... não
Aeternal

I
Aeternal voltou
Eu não queria, não pedi
A minha alma só suspirou
Por aquilo com a qual nunca sorri

II
Dominou o meu corpo
As mãos, os pés, o tronco
E quando chegou irada, à mente
Senti algo que ninguém sente

III
A explosão de alegria falsa
A felicidade à minha beira
Mas apenas de mera escuridão se tratava
A explosão de alegria? Implosão de asneira!

IV
Arrependi-me, supliquei
Para que se libertasse de mim
Mas naquele momento em que suspirei
Que já não era o mesmo "Eu" aí notei...

V
Quem sou agora? Alguém...
Não presta para nada nem para ninguém
Inundado nos seus Dogmas
Vê a melancolia às suas portas

VI
Não tenho vontade de viver...
Porquê? Deus não me explica a razão
Não há nenhuma razão de ser
De tanto esfaquear o coração

VII
"Tudo acontece por alguma razão"?
Não... acontece porque não temos controlo
Tentei viver da emoção
E agora não encontro consolo

VIII
E choro e sofro e grito
Por dentro, apenas a mim me importa
Ninguém quer saber do sofrimento escrito
Ninguém quer saber que ele corta

IX
Com cada raio de luz
Que encara como um carinho
E que assim seduz
E deleita naquele miminho

X
Mas é tudo falso, tudo cruel
Tudo o que existe sabe a fel
Porque não pode ser feliz, nunca
O seu coração é só e apenas uma espelunca

XI
E tudo o que sonho
Com mais força e convicção
É apenas a tela perfeita onde não ponho
Toda a real e cruel maldição

XII
A morte? Não, nem pensar...
Estou cá é para sofrer
Cometi crime? Matar, violar?...Não!
Pensei que alguém me conseguiria reconhecer...

XIII
Como aquilo que sou todo o dia
Um coração grande para todos ajudar
E disto tudo, uma coisa apenas desejaria...
Alguém especial para me amar

XIV
Minha escolha foi feita
E logo despedaçada, arrancada!!!
Não há sensação que enjeita...
A real eterna foi enganada...

XV
Mas ninguém tem a culpa...
Ninguém, só Deus!
E como é que agora se desculpa?
Se destruíste todos os sonhos meus?

XVI
E se é para continuar assim
Virarei as costas, para a eternidade
Má pessoa verão em mim
E do outro "eu" terão tanta saudade...

XVII
É por isso agora que incorporo
Hoje e indefinidamente
Que a Aeternal está dentro de mim
A dominar-me, completamente...

Lux Obscurité

Lux Obscurité

(Antes que se possam tirar quaisquer conclusões sobre este poema, escrevi-o como que para fazer oposição à Lux Aeterna ;) )

"Quero destruir!
Ah! Sim! Quero acabar...
Acabar com tudo! Sorrir!
Quero tudo fragmentar!

Partam-se sentimentos
Emulcionem-se emoções
Queimem-se argumentos
Injecte-se venenos nos corações...

Oh! Sim! Que Poder!
Ah! Que magnífico ser!
Que energia, que imensidão!
Que grande poder de destruição!

Que poder sensual
Que força bruta animal
Deixa-me aproveitar
Esta energia infernal"

A besta sadia
Faminta de terror
À luz das trevas se faria
Um fenómeno de pavor!...

"Arrepios que me invadem a espinha
Lágrimas de ódio que me escorrem a face
Porquê que apenas me acontece a mim?
Eu vivo muito bem sem ti!!!"

Do seu peito uma enorme fenda
se abre, imponente
De lá, sai a negra prenda
E a besta... Impotente!

A besta sem obscuridade
De normal pessoa falamos
Agora é tanta santidade
Como o comum dos humanos

Cai prostado no chão
Um ferida imensa em si
Libertou-se daquela maldade
Salvou-se o seu coração

E toda a energia do universo
Se alia neste progresso
Brilhante, condensa a eterna luz
Que a este homem não seduz

Abre-se a boca, abre-se o espírito
E a energia já lhe corre nas veias
O que fazer com ela agora?
Descoberta da vida faz parte...

Luz obscura que apareceste
Desaparece agora, para sempre!
Calaveiro da luz valente
Para a eternidade inexistente...

Se sofremos no passado
Muito, muito, brutalmente
Se perdemos o amado
Dentro de nós ela sempre estará presente

O amado és tu próprio
Quem és, quem foste
Procura em ti o espírito sóbrio
A luz eterna da claridade...

Lux Aeterna

Lux Aeterna

A força dos nossos corações
O poder que há dentro de nós
São apenas ilustrações
Ilustrações... numa só voz

Mas confunde-se depressa
Com o pessimismo que nos invade
Tristeza, melancolia, maldade
Tudo em nós, mergulhado à pressa...

Destruir o mundo
Ah! Sim! Fascinante!!!
De repente eu me confundo
Com o apocalipse reinante

O mundo não! Não sejas egoísta!
(A luz erradia duma gota de olhar)
Apenas uma pessoa está na lista
Por isso apenas tenho de me matar!...

Sozinho, em silêncio, de repente
Despeço-me de tudo, de toda a gente
É a hora... Tudo acabou mal feito
(Eis que uma lágrima cai no peito)

Explosão de luz, claridade
E do futuro vem a saudade!
Do peito, brilho máximo do ser
O obscuro, agora, a desaparecer!...

"As pessoas que me amam
Precisam de mim agora
Elas por mim chamam
Não posso ir daqui para fora..."

Energia de tal ordem
Força com tal poder
Capaz de mudar o homem
Capaz de fazer o mal se esvanecer!

Luz eterna que me guia
Luz divina que me ilumina
Euforia de viver!
Ah! Sim! Fascina!

Ilumina meu caminho
Por todos os trilhos que seguirei
E não me deixes ficar sozinho
Porque sem ti nunca vencerei!!!

Só quero aquele abraço

Só quero aquele abraço

Não quero nenhum dinheiro
Nem tão pouco tabaco em maço
Não pensei sequer em calor em Janeiro
Apenas quero aquele abraço

Não pedi nenhuma fama
Não exigi nenhum respeito
Apenas aquela chama
Que flameja do teu peito

E que me queima docemente
E me aconchega tanto
E me faz sentir, talvez
Que te tenho como um manto

E aperto-te nos meu braços
E aconchego-me a ti
Sei que selamos os laços:
Sei que não consegues viver sem mim...

A Fernando Pessoa (II)

A Fernando Pessoa (II)

Olho para o céu
O céu que não há
Nos meus olhos, um véu
Que desejo rasgar já...

Mas não sei como me libertar
Não consigo, não há forma
Para o interior pareço voltar
Não quero, há hipoteses de sobra!

Quero sentir! Ah, quero sentir!
Só um pouco, o suficiente
Para relembrar a criança a sorrir
Feliz, contente, inconscientemente

Se não for a criança
Que seja algo sem razão
Mas que me dê a esperança
De me ouvir o coração

E sentir a plenitude
E chegar à altitude
Estar lá num nisto
De que atingi ... Isto!

A Fernando Pessoa

A Fernando Pessoa

Finjo quem sou
Para ser quem quero
Finjo onde vou
Jamais exagero

Só quero ser quem fui
Alguém que nunca existiu
A dor de pensar flui:
O rapazinho que mentiu...

E na consciência da existência
Na incapacidade de sentir
Desejo em mim inconsciência
Sonho, capacidade de sorrir!

A Alberto Caeiro

A Alberto Caeiro (Será preciso dizer mais alguma coisa?)

Saio todos os dias de casa
Como quem não quer a coisa
Tenho de ir aqui e além.
Que ideia é essa?
Eu só procuro a brisa suave da aragem
Ou ver o calor a bater-me nos sentidos...
Mas se procuro alguma coisa diferente
Estou doente, o sentimento invade-me
Porque penso, que inimigo da vista!
E deixo de sentir as coisas à minha volta
E se não sinto não penso
Porque pensar é não sentir
Mas sentir é pensar em tudo sem ter-se consciência disso
E a inconsciência é a melhor coisa de todas
A sensação da terra húmida equivale a um sonho
Não... supera o sonho, porque se nos deitamos na erva
Tanta é a sensação que sonhamos
E sonhando não temos sensação nenhuma

"Pensar é estar doente dos olhos"
Sonhar é estar completamente cego
Por isso vivo a vida como gosto
Sentindo, sentindo: sou feliz
Como uma criança com um brinquedo novo
Que o acaba de descobrir
Assim sou eu com a Natureza:Surpeendo-me a cada momento!
"Sei a verdade e sou feliz!"

A Ricardo Reis

Lídia, vem ter comigo placidamente à beira do rio
E enlaça a tua mão na minha, carinhosamente
E deixemos que o sol nos espie
Calmamente, subtilmente

Que os Deuses para sempre nos guiem
E não nos deixem fazer nada errado
Que gatos miem...
Se estou errado...

E a morte chegará depressa
E me separará para sempre de ti
Desenlacemos as mãos
Não quero que sofras por mim!...

A Álvaro de Campos

A Álvaro de Campos

O que escrevo não digo
Porque dizendo já escrevo

De noite, sonhar não consigo
Porque nada em mim há dentro
Explodi em mim
Minha alma "cacou-se"
Como o vaso da criada
Minha alma estrangulou-se
Oh infância da felicidade
Oh anos da vida perdidos
Quem me dera conseguidos
Assim, noutra idade...

Civilização industrial
Que me trouxeste de novo?
Transformar o que há de animal
A rola num corvo???
De que vale seja o que for
Em nada eu acredito
Tudo o que há só me trás dor

Tudo, porque nada eu sinto!!!